Ainda a recuperar, mas quase recuperada, de um vírus qualquer cujo nome não conheço. Fiz um teste que tinha em casa para detetar a gripe A, B ou o coronavírus. Deu negativo para todos eles. Durante o tempo de espera do resultado, lembrei-me de um teste de gravidez que fiz quando deveria ter 38 ou 39 anos. Eu e o N. nunca quisemos ser pais, mas chegada à idade que não sendo o limite para muitas pessoas, para mim era, os 40 anos, quis ter a certeza de que não queria ser mãe. Não queria que fosse uma decisão apenas emocional, mas também racional, então refleti sobre o assunto, ponderei todos os aspetos e não houve nada que me fizesse pensar o contrário. Então, questionei o N. que me disse estarmos bem assim, mas que deixava isso ao meu critério, que se quisesse muito seríamos pais. Não foi uma grande ajuda, mas deu-me a resposta mais sensata e generosa, não decidiria por mim nem colocou a nossa relação em causa por isso.
Foi então que houve um mês em que a menstruação não chegava e sentia o peito inchado. Fiquei em pânico e fui à farmácia comprar um teste de gravidez. Depois de o fazer, deitei-me no fundo da cama, às escuras, e pensei: «se estiver grávida faço um aborto, não quero isto para mim». O teste deu negativo e poucos dias depois apareceu-me a menstruação. Mas aquela certeza de que faria um aborto não me saiu do peito durante dias, aquela certeza não saiu de mim até hoje. Tive a convicção de que precisava para uma dúvida que afinal não tinha. Depois disso, as brincadeiras passaram a ter segurança máxima, não queria nem quero voltar a uma situação como aquela.